A pesquisa divulgada ontem pela BM aborda, entre outros temas, a importância dos pais na advertência sobre os malefícios das drogas. A partir dela se deduz como é fácil um adolescente se tornar viciado. A receita é simples e conhecida: que os pais deixem que ele circule com todos a que chama de amigos, na hora em que bem entender. Ouçam pouco do que ele diz, falem pouco com ele. Fumem na frente dele, bebam na frente dele, tratem com naturalidade as drogas legais e com indiferença as ilegais. Discutam pouco o assunto, já que crianças podem aprender sobre isso na escola. Será?
Para prosseguir no caminho sem volta, pais, não vão aos ambientes frequentados pelo filho. São locais para outra idade, não é mesmo? Evitem cobrar responsabilidades do guri ou da guria, afinal, ele é muito jovem para encarar as agruras do mundo. Façam tudo isso e esperem para ver. Com sorte, nada de ruim acontece. Com alguma possibilidade, seu filho se acostumará com bebidas ou maconha, tornando-se aquele tipo de pessoa que precisa de muletas químicas e emocionais para sempre. Um eterno dependente, de drogas e dos outros. Avançando mais um pouco na lei das probabilidades, o filho que vocês criaram do berço para o mundo vai se tornar um delinquente, daqueles que assalta para conseguir crack. Não se trata de alarmismo. Pesquisas e mesmo reportagens feitas por Zero Hora evidenciam que a maioria dos internos nas instituições para adolescentes infratores, grande parte viciados, não tem pai ou não convive com ele. Muitas vezes, porque o progenitor está preso. Noutras, porque sumiu. Em todos esses casos, porque a paternidade não soube colocar limites na hora em que os filhos (que não são amigos, são filhos) precisavam disso."
Texto de Humberto Trezzi - Zero Hora, 30/06/10